O cartunista Sean Gordon Murphy, 31, lançará em julho nos Estados Unidos, com tradução prevista para o português, a minissérie Punk Rock Jesus, que tem sido criticada por líderes religiosos e fiéis por causa do seu enredo: o filho de Deus é um jovem revoltado que se declara ateu e cria uma banda de rock punk. Murphy foi até ameaçado de morte pela internet.
A estória ocorre no futuro, mas com ingredientes de hoje e do passado. Uma rede de TV encomenda a clonagem de Jesus a partir do Santo Sudário, o manto que, dizem os crentes, o envolveu em seu martírio.
A TV “ressuscita” o Messias para que ele protagonize um reality show. Mas Jesus fica chateado com os produtores do programa porque excluíram a participação de sua mãe — com ela, a audiência caia. Jesus fica furioso, revela em transmissão nacional que na verdade é ateu e abandona o estúdio para se dedicar a sua banda de rock punk The Flack Jackets.
O Messias é acompanhado por Gwen, uma garota que tinha sido escolhida pela TV para lhe gerar um filho, e por um ex-membro do IRA (católico fanático) que assume a missão de seu guarda-costas. É esse personagem que conta a estória nos quadrinhos.
Minissérie será em preto e branco, mas Murphy tem experimentado cores para acrescentá-las em outras edições |
Murphy é um talentoso quadrinista. Já desenhou aventuras de personagens como "Batman" e "Vampiro Americano". É autor de minisséries como “Hellblazer: Cidade dos Demônios".
Editado pela Vertigo, Punk Rock Jesus terá cinco edições em preto-e-branco, mas poderá ter versões coloridas. O enredo e o texto são de Murphy.
Ele comparou a reação de religiosos a esse seu trabalho aos artistas que são acusados em países mulçumanos de desrespeitar Maomé.
"Sou taxado de controverso porque a maioria dos cartunistas evita falar de religião, mas não podemos deixar que o conservadorismo nos impeça de tocar nesses assuntos”, disse ele a Douglas Gavras, que é colaborador da Folha de S.Paulo. “Desenho para quebrar tabus."
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